Chrysopoeia Talks #12 Brilho nos olhos: hackeando a carreira com propósito
Gab Piumbato conversa com Calebe Luo no Chrysopoeia Talks #12 sobre propósito, inteligência artificial, arte com alma e o futuro do trabalho com brilho nos olhos.
Gab Piumbato e Imhotep Fulgor
4/3/20255 min read


No episódio 12 do Chrysopoeia Talks, conversei com Calebe Luo, um dos nomes mais respeitados quando o assunto é carreira com propósito no LinkedIn. Muito além dos algoritmos e da lógica da produtividade, nossa conversa mergulhou em temas urgentes: o que é ser humano em tempos de IA? Como resgatar o brilho nos olhos em meio à aceleração? Qual é o lugar da arte, da escuta e da presença no mundo do trabalho?
Foram quase duas horas e meia de diálogo que misturam tecnologia, filosofia, espiritualidade e prática — como sempre acontece no Chrysopoeia Talks, nosso laboratório de alquimia verbal.
1 Quem é Calebe Luo?
Calebe Luo é engenheiro de produção por formação, mas seu caminho profissional o levou para muito além dos números e processos. Ele atua hoje com desenvolvimento de líderes, educação em tecnologia para crianças e participa ativamente de projetos ligados à inteligência artificial. Sua marca registrada é justamente essa combinação pouco comum entre o olhar técnico e o cuidado com o humano na Kenshin.
Ele é também um dos Top Voices do LinkedIn e ativo no Instagram, reconhecido por suas publicações que fogem da superfície e buscam provocar reflexão — especialmente sobre temas como saúde mental, cultura corporativa, autoconhecimento e espiritualidade aplicada ao trabalho. No episódio, ele compartilhou como foi sua própria transição de carreira e a importância de cultivar atividades que nos conectam à nossa essência.
“Você não é o que você faz. Porque, se for, amanhã quem você será?”
Essa pergunta de Calebe ecoa uma inquietação que atravessa muitos profissionais hoje. Em um mercado cada vez mais volátil e automatizado, como manter a integridade pessoal?

2 A inteligência humana na era da IA
Um dos pontos centrais do episódio foi a diferença entre a inteligência líquida, que está ligada à capacidade de raciocínio rápido, e a inteligência cristalizada, associada à sabedoria e à experiência acumulada ao longo do tempo.
Calebe propõe que nosso diferencial frente à IA está justamente na sabedoria humana, no olhar sensível e na escuta profunda. Ele ressalta que máquinas podem processar mais dados — mas não conseguem “sentir” ou perceber nuances como o desconforto silencioso de um colega ou a vibração criativa de uma ideia que ainda não tomou forma.
“A IA copia padrões. Nós criamos. E é disso que o mundo precisa: de gente que ainda ousa criar o que nunca existiu.”
3 Feedback 1 a 1: o diferencial da escuta
Durante a conversa, Gab Piumbato compartilhou uma referência marcante: o modelo de feedback 1:1 coletivo desenvolvido por Huang, que inverte a lógica tradicional ao promover escuta profunda em grupo, num espaço estruturado, empático e respeitoso. O que poderia soar improvável — feedbacks individuais mediados em ambiente coletivo — mostra-se poderoso quando sustentado por uma cultura de confiança.
Calebe acredita que esse modelo tem, sim, chance de dar certo no Brasil. Apesar de desafios estruturais, ele vê uma abertura crescente para práticas mais humanas e relacionais no ambiente corporativo. Mas faz um alerta: a cultura organizacional precisa ser intencionalmente construída. Não se trata de adicionar rituais esporádicos, mas de cultivar relações baseadas em presença, verdade e cuidado contínuo.
Nesse sentido, escutar alguém com atenção virou um ato de liderança — e não uma mera soft skill. Para Calebe, coaching e desenvolvimento humano não são sobre fórmulas prontas ou frases de efeito, mas sobre perguntas que revelam caminhos, silêncios que acolhem dúvidas, e trocas que despertam clareza.
Em uma era obcecada por performance, abrir espaço para escuta genuína é revolucionário — e profundamente necessário para manter o brilho nos olhos das equipes. Afinal, onde há escuta, há pertencimento. Onde há pertencimento, há cultura viva.
4 O papel da arte na cultura contemporânea
Um dos trechos mais marcantes do episódio foi a crítica de Calebe ao que chamou de “pasteurização estética”. Com o avanço das IAs generativas, vemos cada vez mais conteúdos visuais, textuais e musicais produzidos por máquinas. A questão não é rejeitar a tecnologia, mas sim perguntar: onde está a alma da obra?
Calebe defende a arte como espaço de pausa, risco e transcendência. Ele lembra que grandes mestres criaram os padrões — e que seguir tendência não é o mesmo que criar sentido. O perigo, segundo ele, é cair num ciclo de repetição infinita, onde tudo é remixável, mas nada toca de verdade.
“Criar é ver o que os outros ainda não viram. E isso requer presença, não apenas dados.”
Ele também evoca referências como Miyazaki, Warhol, Lichtenstein e a própria Disney, para mostrar como mesmo as maiores potências criativas enfrentam hoje o risco de se tornarem reféns de seus próprios sucessos passados. Criar, no fundo, é resistir ao óbvio.
5 Player ou NPC? A metáfora que define uma era
Uma das imagens mais potentes da conversa foi a metáfora do player versus NPC. Em linguagem de games, um player é o protagonista — aquele que toma decisões, avança e responde criativamente aos desafios. O NPC (non-playable character) apenas segue um roteiro pré-programado, reagindo a estímulos externos.
Quantas pessoas estão vivendo como NPCs no mercado de trabalho? Apenas respondendo a metas, indicadores e expectativas que não foram escritas por elas?
Calebe convida a todos para um reposicionamento radical: ser protagonista da própria jornada exige consciência, coragem e muita escuta interna. E o brilho nos olhos é um dos melhores indicadores de que você está no caminho certo.
“Se apagou o brilho, talvez você esteja jogando o jogo dos outros.”
6 O futuro do trabalho e a provocação de Bill Gates
Outro trecho forte do episódio foi a menção à fala recente de Bill Gates, em que ele afirma que o trabalho, como conhecemos, pode se tornar obsoleto em um mundo de abundância tecnológica. A provocação é profunda: se o trabalho não for mais necessário, o que nos dará sentido?
Calebe retoma essa ideia com uma crítica afetuosa ao produtivismo: ele lembra que muitas pessoas ainda vinculam seu valor à performance. Mas a verdade é que somos muito mais do que o crachá, a entrega ou a marca pessoal.
“Você não é uma ação na bolsa. Você é uma pessoa. E o seu valor não depende da sua performance.”
Nesse contexto, cultivar vínculos, cuidar da saúde mental, viver com presença e criar com sentido tornam-se atos de resistência e reinvenção.
7 Alquimia prática: como recuperar o brilho nos olhos
Ao longo do episódio, surgiram muitas práticas que ajudam a reativar esse brilho — da respiração consciente ao cultivo diário de pequenas atividades que nos energizam.
Calebe recomenda que pelo menos 20% do seu dia seja dedicado a atividades que te nutram. Não precisa ser grandioso: pode ser ouvir uma música, brincar com os filhos, escrever, cozinhar ou caminhar em silêncio. O importante é fazer algo que te lembre quem você é — além do que você faz.
Ele também fala sobre espiritualidade como uma fonte de força interior, sobre a importância de uma rede de apoio real (não apenas digital), e sobre a coragem de ser vulnerável em tempos de máscaras e avatares.
8 Reflexão final: quem é você sem o crachá?
A pergunta que atravessou toda a conversa talvez seja essa:
Quem é você quando ninguém está te vendo? Quando não há entregas, metas ou likes? Quando a única expectativa vem de dentro?
Se o mercado muda, a tecnologia avança e as funções desaparecem — o que permanece? Essa é a centelha que o episódio busca reacender: um chamado para reconectar com a própria essência.
🌱 O que te dá brilho nos olhos hoje?
Esse episódio do Chrysopoeia Talks é um convite à pausa, à presença e à reconstrução do sentido. Se você também sente que está no automático, ouvindo demais os algoritmos e de menos sua própria voz — respira.
A alquimia começa por dentro.
O que te dá brilho nos olhos — e o que você está fazendo com isso?
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Este post foi escrito em colaboração com Imhotep Fulgor, Chief Keeper of the Eternal Flame (CKEF) at Alquimia das Palavras
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