Chrysopoeia Talks #14 Gestão e coordenação de conteúdo em sustentabilidade

Gab Piumbato conversa com Naná Prado no Chrysopoeia Talks #14 sobre gestão de conteúdo, relatórios de sustentabilidade, greenwashing e yoga para lideranças equilibradas.

Gab Piumbato e Imhotep Fulgor

4/17/20254 min read

Relatórios ESG se multiplicam, palavras como sustentabilidade e greenwashing viraram lugares‑comuns. Ainda assim, poucas lideranças dominam a arte de contar histórias verdadeiras sobre impacto socioambiental.
Neste artigo, destilamos a conversa de quase duas horas com Naná Prado — jornalista, gestora ambiental há 20 anos, coordenadora de conteúdo no Grupo Report, professora de yoga e entusiasta do consumo consciente — para revelar:

  • como transformar planilhas brutas em narrativas concisas;

  • onde organizações escorregam no greenwashing (e como escapar);

  • por que disciplina mindfulness + yoga fortalece a liderança sustentável.

1. Quem é Naná Prado?

Naná nasceu Ana Carolina Prado em São Carlos ‑ SP, mas criou o próprio apelido ainda criança — sinal de que autonomia sempre foi parte da biografia. Formou‑se em jornalismo pela UNESP (2004) e, insatisfeita com o foco frio do jornalismo econômico, mergulhou em projetos ambientais. De lá para cá:

  • 20 anos no setor — de revistas digitais a consultorias de grandes grupos;

  • Pós‑graduação em Gestão Ambiental, costurando leis, educação e negócios;

  • Yoga & Cura Prânica — ferramentas que hoje fazem parte de sua vida;

  • Mãe de São Francisco e Flora, tutora de um gato e defensora do pão com queijo mineiro como direito humano.

2 Da UNESP ao conteúdo sustentável

Naná se define como “jornalista de formação, gestora ambiental por escolha e professora de yoga por paixão”.

  • Origem — Cresceu entre cidade e fazenda; a ligação com a natureza veio do pai, que trabalhou anos em propriedades rurais.

  • Formação — Jornalismo (UNESP, 2004). No TCC percebeu que “jornalismo econômico era frio demais”; mudou o foco para comunicação ambiental.

  • Pós‑graduação — Gestão Ambiental para suprir lacunas técnicas: leis, políticas públicas, educação ambiental.

  • Três papéis atuais

    • Coordenadora de conteúdo (relatórios de sustentabilidade)

    • Instrutora de yoga e cura prânica

    • Mãe de São Francisco e Flora

“Mesmo quando não estava atuando como jornalista, a sustentabilidade ficava aqui dentro, sempre movimentando as minhas iniciativas.”

3 Como é o dia a dia de uma coordenadora de conteúdo ESG?

3.1 Temporada de relatórios

Entre dezembro e junho, Naná chama de “temporada” — prazos apertados, feriados virando correria:

  • Reuniões semanais com o cliente para revisar cronograma e pendências.

  • Gestão de múltiplas equipes: redatores, assistentes, analistas de indicadores, designers, diagramadores.

  • Muito mais gente do que texto: conciliar expectativas, acolher pedidos de última hora, equilibrar “pratinhos”.

3.2 O vai‑e‑vem de versões

  1. Word: texto bruto recebe ajustes técnicos das áreas internas do cliente.

  2. Design: só vai para diagramação quando hierarquia (título, subtítulo, box) está padronizada — ajuda o designer a entender rapidamente o que vira infográfico, tabela ou gráfico.

  3. Auditoria: alguns relatórios passam por verificação externa. O texto diagramado é auditado de novo antes da publicação.

“Um relatório lindo pode perder credibilidade por uma única informação mal colocada.”

4 Concisão, mas sem esconder a ferida

Empresas querem contar tudo; leitores têm pouco tempo.
Naná negocia:

  • Destaque o essencial: indicadores materiais, metas atingidas e pendências.

  • Mostre a sombra: anos ruins também entram — omitindo, a reputação sofre mais.

  • Evite “palavras bonitas” vazias: se o parágrafo não entregou dado, ação ou lição, sai.

5 Greenwashing na prática

5.1 O conceito

“Maquiagem verde” — alegar qualidades socioambientais inexistentes ou exageradas.

5.2 Exemplos citados pela Naná

  • Supermercado: rótulos “vida saudável” escondendo listas de ingredientes impronunciáveis.

  • Produto “baixa pegada de carbono”: sem transparência sobre metodologia de cálculo ou compensação.

  • Relatórios: texto “exuberante” que ignora problemas ou omite indicadores obrigatórios.

5.3 Como ela lida

  1. Checar normas: se o cliente segue GRI, certos assuntos são obrigatórios — ou exige‑se justificativa.

  2. Alinhamento interno: antes de levar crítica ao cliente, a equipe decide até onde questionar.

  3. Última instância do comunicador: se o conteúdo fere ética, “não colocamos nosso nome ou saímos do projeto”.

6 Normas e maturidade regulatória

Naná não entra em tecnicalidades, mas aponta:

  • Convergência desejável: “não faz sentido cada norma pedir um relatório diferente; a empresa infla a área só pra atender papelada”.

  • Tempo & boa‑vontade: novas exigências precisam considerar maturidade dos processos internos — muitas organizações ainda coletam dados de forma departamentalizada.

  • Greenwashing x falha de dados: sem histórico, às vezes a empresa simplesmente não tem indicador anual; é preciso maturidade (e cronograma) para implementar.

7 Quando o orgânico não fecha a conta

Durante a pandemia, a família de Naná escalou uma horta orgânica por assinatura:

  • Começaram vendendo couve, alface e ovos no estacionamento da escola.

  • A demanda explodiu com as quarentenas; eles rodavam a cidade entregando.

  • Desafios: «faltar chuva» para brócolis, «embalagem» indisponível, mão de obra colhendo no escuro e na lama.

  • Final: ou investiam pesado para crescer ou fechavam — escolheram encerrar.

“Às vezes o financeiramente viável não acompanha o ambientalmente ideal.”

8 Educar para o consumo consciente

No Instituto Akatu, Naná roteirizou vídeos de 2 min no Canal Futura (resíduos, alimentação, energia) e levou oficinas a escolas públicas:

  • Adaptava exemplos à realidade local — falar de trânsito intenso onde crianças vão a pé não faz sentido.

  • Livro‑jogo “A cadeia do cachorro‑quente” mostrava cada ingrediente até a matéria‑prima, ensinando rastreabilidade de forma lúdica.

9 Mindfulness, yoga e cura prânica no trabalho

  • Primeira aula: descobriu yoga por acaso em São Paulo; formou‑se instrutora no método Shivananda.

  • Projetos sociais: conduziu prática com mulheres vítimas de violência, usando respiração para aliviar tensão.

  • Minuto Mindfulness: no podcast orientou três respirações profundas para “voltar ao presente” — recurso que aplica em reuniões tensas.

Disciplina diária — acordar cedo ou praticar à noite — ajuda a “perceber o desequilíbrio antes que ele vire caos”.

Conclusão

  1. Consciência antes de tudo — leia rótulos, questione números, pesquise fontes.

  2. Curiosidade disciplinada — conhecimento sem prática vira distração; escolha horário e cumpra.

  3. Foque na solução — estudar problemas é essencial, mas avançamos modelando casos que funcionam.

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Este post foi escrito em colaboração com Imhotep Fulgor, Chief Keeper of the Eternal Flame (CKEF) at Alquimia das Palavras